quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Legionella – Um Problema de Saúde Pública





Segundo a Direção Geral de Saúde, a doença dos legionários é uma pneumonia atípica grave, causada por bactérias do género Legionella.
A infeção transmite-se por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água (aeróssois) ou mais raramente por aspiração pulmonar de água contaminada com a bactéria. 

A Legionella para além de se encontrar nos ambientes aquáticos naturais (como lagos e rios), também pode colonizar os sistemas de abastecimento de água das redes prediais. O agente da infeção pode encontrar-se na água quente sanitária, nos sistemas de ar condicionado (torres de arrefecimento, condensadores de evaporação e humidificadores), nos aparelhos de aerossóis, nas piscinas, nos jacuzzis e nas fontes decorativas.

Em Portugal, a Doença dos Legionários foi detetada pela primeira vez em 1979 (publicação em boletim da OMS) tem vindo a adquirir cada vez maior importância, registando-se um aumento de incidência de 0,1 casos por 100 000 habitantes em 1997 para 0,5 casos por 100 000 habitantes em 2005. Incluída na lista das doenças de declaração obrigatória desde 1999 (Portaria n.º 1071/98, de 31 de Dezembro), a notificação clínica de um caso (provável ou confirmado) é da responsabilidade de todos os médicos quer exerçam a atividade no Serviço Nacional de Saúde, quer no sector privado, e tal como nas outras doenças de declaração obrigatória, esta deve ser através do impresso modelo n.º 1536 (Exclusivo da INCM E.P.), em tempo útil, à autoridade de saúde da área de residência do doente.

O controlo e prevenção desta doença fazem-se pelo diagnóstico precoce em casos suspeitos e pelo tratamento da fonte de infeção provavelmente associada, isto é, limpeza, desinfeção e manutenção das instalações e equipamentos contaminados.

Fatores favoráveis ao desenvolvimento da bactéria:

  • Temperatura da água entre 20°C e 45°C, sendo a ótima entre os 35ºC e 45ºC;
  • pH entre 5 e 8;
  • Humidade relativa superior a 60%;
  • Zonas de reduzida circulação de água (reservatórios de água, torres de arrefecimento, tubagens de redes prediais, pontos de extremidade das redes pouco utilizadas, etc);
  • Presença de outros organismos (e.g. algas, amibas, protozoários) em águas não tratadas ou com tratamento deficiente;
  • Existência de um biofilme nas superfícies em contacto com a água;
  • Processos de corrosão ou incrustação;
  • Utilização de materiais porosos e de derivados de silicone nas redes prediais, que potenciam o crescimento bacteriano.
Sendo a vigilância epidemiológica a ferramenta mais importante para a prevenção e controlo de doenças em saúde pública, em 2004, foi implementado o Programa de Vigilância Epidemiológica Integrada da Doença dos Legionários – Notificação Clínica (Circular Normativa Nº05/DEP) e Investigação Epidemiológica (Circular Normativa Nº 6/DT), com o objetivo de reforçar a vigilância epidemiológica da Doença.

Foi no âmbito do Programa de Vigilância Epidemiológica Integrada da Doença dos Legionários que juntamente com a Técnica de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública procedi à recolha de amostras de água em chuveiros de instalações sanitárias de uma unidade de saúde para pesquisa de Legionella, com o objetivo de compreender o procedimento da mesma.

Procedimento de recolha de amostras de água para pesquisa de Legionella:

Material necessário:
  • Equipamentos e reagentes para determinar o cloro e pH;
  • Termómetro;
  • Fichas para registo de dados;
  • Zaragatoas em tubo;
  • Malas térmicas;
  • Máscaras de proteção respiratória capazes de reter partículas com 1 mícron de diâmetro;
  • Tesoura, álcool e elásticos;
  • Sacos de plástico (chuveiros);
  • Acumuladores de frio;
  • Sacos pretos de acondicionamento;
  • 2 Frascos esterilizados de colheitas com capacidade de 1000ml.
Procedimento Técnico:
  1. Colocar a máscara;
  2. Desinfetar as mãos;
  3. Cobrir o chuveiro com um saco e com o auxílio de um elástico, apertar o saco na extremidade;
  4. Desinfetar a tesoura;
  5. Cortar uma das pontas do saco e sem escoamento prévio, deixar correr a água para o frasco de colheita;
  6.  Identificar a amostra;
  7.  Retirar o saco e desmontar a torneira;
  8. Retirar uma amostra do biofilme da torneira com o auxílio de uma zaragatoa e colocá-la no meio de transporte;
  9. Deixar correr a água até ser atingida uma temperatura máxima e recolher uma amostra de água quente para o frasco de colheita;
  10. Identificar a zaragatoa e a amostra de água quente;
  11. Colocar as amostras num saco opaco e acondicioná-las na mala térmica;
  12. Medir os parâmetros pH, temperatura e cloro livre;
  13. Preencher a ficha de identificação da amostra.
No final as amostras são encaminhadas para um laboratório acreditado para que procedam à análise das amostras de água recolhidas.


Considero este tipo de programas de Vigilância Epidemiológica importantes pois estes permitem a monitorização do comportamento epidemiológico da doença, investigar os casos suspeitos e notificar áreas de risco, permitindo assim com maior facilidade definir grupos de risco, através da análise de dados e posterior adoção de medidas de controlo pertinentes.

Em suma, é evidente a importância e o contributo de Programas de Vigilância Epidemiológica para a saúde pública, pois desta forma, poderá ser evitado o aparecimento de novos casos com base no conhecimento dos locais geográficos de surtos.


Fontes:
- Prevenção e Controlo de Legionella nos Sistemas de Água, http://www.ipq.pt/backFiles/PrevencaoControloLegionella.pdf
- Doença dos Legionários, http://portal.arsnorte.min saude.pt/portal/page/portal/ARSNorte/Conte%C3%BAdos/Sa%C3%BAde%20P%C3%BAblica%20Conteudos/Doenca_Legionarios_programa.pdf
 - Saúde Ambiental- Programa de Vigilância da Doença dos Legionários, http://www.arsalentejo.min-saude.pt/saudepublica/SaudeAmbiental/Legionarios/Paginas/Legionarios.aspx


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